segunda-feira, 20 de junho de 2011

Desmatamento.

  Diante de tantos problemas sociais que acometem na cidade do Rio de Janeiro, esquecem de voltar os olhos para algo que todos os dias os cariocas tanto admiram: a paisagem natural da “cidade maravilhosa”. Nos últimos dez anos, pelo menos, é visível o processo de desmatamento de encostas e morros.
   Diretamente proporcional a esse caos, o crescimento das favelas ao redor da cidade é um dos, senão, o principal responsável pela degradação da paisagem. De acordo com a reportagem publicada no jornal O Globo, de 01/07/2006, uma auditoria realizada no final de 2004 pelo Tribunal de Contas do Município descobriu que 17 favelas, entre elas o Morro da Babilônia, no Leme, ocupavam áreas de preservação ambiental. Na mesma matéria, consta uma denúncia de que moradores de favelas daquela região, que haviam sido contratados pela prefeitura para reflorestamento das áreas verdes teriam desmatado as encostas. Segundo os próprios moradores declararam na ocasião, a expansão da favela vinha em direção aos prédios desde 2002 seguindo pelas clareiras abertas, com a construção de novos barracos.
   Evitando o distanciamento extremo, a população opta por ocupar áreas ingremes da cidade, contribuindo para a expansão do desmatamento nessas encostas, o que além de agravar a situação ambiental urbana, tende a tornar aquele espaço uma área de risco propensa a desmoronamentos.
Favela no bairro da Tijuca.
As linhas vermelhas demarcam a área ocupada pela favela.
As linhas amarelas demarcam a área disponível para
expansão da favela. 
   A relação desmatamento-favelização se torna ainda mais interligada se verificarmos dados do Censo 2000 do IBGE para o crescimento destas comunidades. Para não fugirmos do exemplo acima, o documento mostra que a favela da Babilônia tinha 381 domicílios e 1.426 moradores. Em 2006, a Associação de Moradores do Morro da Babilônia afirmou que a entidade já contava com 600 associados, representando cerca de 2.600 pessoas. Ou seja, um aumento de cerca de 45%.
   Outros bairros e regiões como Santa Teresa e Barra da Tijuca não estão isentas deste processo. Em 2005, a vereadora Aspásia Camargo, então presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Vereadores, apresentou proposta para tentar frear a favelização em Santa Teresa que, na época, contava com 20 comunidades no interior do bairro e vizinhanças. Algumas cresceram e crescem tanto que perigam até se unir às favelas de Laranjeiras, bairro vizinho. É importantíssimo lembrar que Santa Teresa, assim como vários pontos da Barra da Tijuca estão localizados em regiões de Área de Proteção Ambiental (APA) e, portanto, muito restritiva quanto a sua ocupação.
   Na Região dos Lagos, a situação não é diferente. Há dois anos, técnicos do Ibama sobrevoaram a Região dos Lagos para identificar as áreas degradadas e o surgimento de novos loteamentos nos municípios de Saquarema, Arraial do Cabo, Cabo Frio e Armação dos Búzios e constataram também o aumento das favelas que cercam as cidades.
   Enquanto a cidade formal tem várias normas, a ocupação ilegal em encostas, áreas de proteção ambiental e outras áreas verdes não pára de aumentar livremente. A questão parece passar pela omissão das prefeituras em combater o avanço da favelização nestas áreas e pela acomodação da população a esta triste realidade. Poucos programas sociais aliados à falta de oferta de habitações para baixa renda completam os ingredientes deste coquetel explosivo.

2 comentários:

  1. O tema abordado foi apresentado pelo grupo de forma, simples e objetiva, através de textos e vídeos bem interessantes!
    As favelas, estão sempre presentes no nosso cotidiano e representam realidades diferentes, de uma mesma sociedade. Adoramos o design, e percebemos nitidamente como a Geografia está nas favelas! Parabéns pelo trabalho!

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  2. O blog ficou bem interessante, o design ficou legal, mas o destaque vai para o tema, a ligação com a geografia ficou perfeita, abordando questões como o desmatamento e os problemas sociais envolvidos. As favelas são comuns em todas as regiões do Brasil, causadas principalmente por problemas políticos, territoriais e sociais. Nao tenho nennhum contra, o blog ficou muito bom.

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